Foto Antiga
Gosto de ver fotos antigas. É como olhar nos olhos
de fantasmas. Almas presas no passado. Fotos antigas me fazem pensar na
brevidade da nossa vida, e na insignificância do nosso conhecimento. Olho na
tela do computador aquelas pessoas ali, em preto-e-branco, tão imponentes em
seus ternos bem cortados e vestidos da moda. O ano é 1926, e elas devem
acreditar que sabem. Que conhecem de tudo. Será que alguma delas pensou, ou
sequer imaginou que, um dia, quase um século depois, uma mulher, advogada, de
vestido até o joelho, estaria vendo seus rostos através de uma máquina enquanto
conversa, em tempo real, com sua amiga que está do outro lado do planeta?
Então percebo que eu sei tão pouco quanto aquelas
pessoas. Para onde aquela garotinha de cabelos curtos e braços cruzados está
olhando. E quem é aquele menino que se destaca por seu terno escuro e sua
cabeça erguida? Será que um dos netos dele trabalha perto de mim, será que ele
conheceu meu avô? Talvez tenham corrido juntos atrás de uma bola nos chãos de
terra daquela época, ou não.
O garotinho no canto esquerdo parece olhar para a
menina de vestido branco e braços estendidos, pra quem o padre e o homem
sentado ao seu lado também parecem olhar. Mas veja, tem uma garota maior, logo
atrás, apontando para a menina também.
Quem seria ela e porque chama tanta atenção? Será
que eu já a vi, velhinha andando pelas ruas?
Quantas dessas pessoas já morreram? Quantas foram
felizes? Quantas realizaram seus sonhos? E quantas delas podem ter influenciado
de alguma forma a minha vida e a vida da minha família, o que não é incomum
numa cidade pequena?
É por isso que eu amo olhar fotografias antigas, porque
mesmo me lembrando de que minha vida é breve, e de que meu conhecimento é
insignificante, elas me fazem imaginar centenas de histórias.
- fefa rodrigues -
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