A brevidade da vida é o que me
assusta. A nossa total incapacidade de controlar o tempo, de segurar o momento,
esse momento que acabou de passar, que já não existe mais. E então penso que
deve ser por isso, para não pensar nisso, para não enlouquecer com isso, que a
gente se lança a tanta coisa, tanto trabalho, tanta burocracia inútil e me pergunto:
“Afinal de contas, qual é a importância dessa questão, desse processo, desse
requerimento? Porque diabos eu tenho que passar oito horas do meu dia dentro de
uma sala de paredes marrom quando a vida está acontecendo lá fora?”.
Tudo isso talvez seja exatamente
para não percebermos que a vida passa, que o tempo corre, e que não somos
senhores dele, que não o controlamos. Então, apesar dessa indignação no meu
peito, dessa revolta que me faz querer correr para fora e deixar que a chuva
desmanche meu cabelo arrumado e borre minha maquiagem, eu me controlo, me
concentro, desvio o olhar da janela e da água que cai livre, e volto para esse importante
processo na minha mesa, para decidir qual é o valor do tributo que terá que ser
pago.
- fefa rodrigues -
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